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quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Feliz Idade Nova!

Há algum tempo, decidi mudar meus cumprimentos de felicitação natalícia, da usual injunção "Feliz Aniversário", no sentido de "parabéns pra você", para uma minha neo-expressão: Feliz Idade Nova!
Aqui, não reivindico direito nenhum de autoria (apesar de ter sido criada por mim)... Nem, tão-pouco, faço restrição alguma do seu uso, indiscriminado, ou não, por quem quer que seja. Todavia, não posso dissimular a enorme satisfação imbuída de uma grande honra, caso venha ser disseminada de boca em boca, de postagem em postagem, de rede social em rede social... Afinal, que o destino de nossos filhos sempre seja o de dar-se ao mundo, não é mesmo?!
Dito isso, passo a afirmar que sempre estranhei como sendo desprovida de sentido a expressão secular "parabéns pra você"!
Não, que a deficiência estivesse na expressão, em si; mas, em minha tamanha inabilidade em decifrar-lhe o sentido léxico e semântico.
Pois, afinal, qual o significado preciso desta terminologia e por que nos acostumamos à sua repetição mecânica, sem nos indagarmos sobre seu tino e nossa compreensão em torno dela?!
Nos escritos do velho Machado de Assis, a forma 'parabém', no singular, é-nos configurada, inusitadamente, em vez da, ora em uso, 'parabéns', no plural. No entanto, dada a absorção vocabular desde a mais tenra idade, curiosamente, sempre somos levados, automatamente, a tê-la dissociada da ideia plural e, sim, como em 'lápis', no processo da invariabilidade gramatical. 
Ora, se o termo para-raios se refere a um dispositivo metálico pontiagudo, afixado no cume de um determinado edifício, cuja função é a de capturar, numa certa área, os eventuais raios que porventura ali se façam manifestos eletricamente, então para-bém poderia ser uma certa predisposição à atração de bens de toda sorte, na vida?!
Gosto de pensar que sim!
Mas, isso nos remete a um pequeno problema: ao desejarmos ‘parabéns pra você’, não estaríamos ofertando ao nosso amigo, ou amiga, parente ou conhecido, algo de ‘quantitativo’, quer de natureza material ou espiritual, sem a devida noção do peso deste nosso ‘mimo’, no sentido de que pode estar carregado de implicações insuspeitadamente inconsequentes, destarte toda nossa boa e singela intenção?!
Desta forma, em minha análise, talvez equivocada (reconheço!), é certo que estaremos desejando o Bem à pessoa-alvo de nossa intenção filantrópica; no entanto, persiste fato de que, muito provavelmente, trata-se de um desejo arbitrário de disseminação da Felicidade, vez que, desconcertantemente, nosso entendimento do que seja ‘certo’ ou ‘errado’, volta e meia está em discordância com a realidade factual das relações causais implícitas a toda experiência por nós vivenciada. Em outras palavras, algo que nos ocorra com aparência de bem, pode, no final das contas, acabar se tornando um mal; e, travestido de um inegável mal, um grande bem se nos bate à porta, inusitadamente, não é mesmo?!
Por esta simples e ora revelada razão, resolvi criar o termo FELIZ IDADE NOVA, numa perspectiva de não cercear a dor e o sofrimento, sob o pretexto de serem incompatíveis à consecução da Felicidade, na vida de alguém. Claro que não se trata de desejar os ‘paramales’; mas, insuflar na essência anímica daquele a quem nos dirigimos, a ideia de receber de bom grado o bem e o mal, como ferramentas indispensáveis a uma ascensional evolução pessoal.
Aliás, desejar ‘parabéns’ é focar o Indivíduo, em detrimento da pessoa humana objeto de nossa atenção. E, aqui, podemos digredir um pouco num entendimento particular: indivíduo é “o” sujeito temporal estanque, que podemos ver no momento em que, com ele ou ela, interagimos, destituído de sua implícita subjetividade mais profunda, dada a nossa tendência a focar o superficial, em vez do mais profundo, em tudo.
Pessoa, no entanto, trata-se da abrangência do ser que se instaura no Processo Existir e se expressa de forma múltipla e diversa, por intermédio do (e graças ao) Ser, que lhe dá suporte e potencialidade.
Pessoa, portanto, é o ‘fenômeno-numênico’ que está por trás, ou por dentro, do ‘númeno fenometizado’ chamado Indivíduo, com características mutáveis e mutantes e que pode ser ‘identificado’ por um documento oficial e uma aparência momentânea transitoriamente expressa em ser criança, adolescente, adulto e idoso, em sua vida.
Quer dizer: desejar FELIZ IDADE NOVA é direcionar um intento ‘qualitativo’ a uma PESSOA cuja abrangência axial se estende desde a concepção intra-uterina até a chamada morte.
Ou seja: desejar ao Ser Completo a possibilidade da Congratulação com o Testemunhar Presencial da Vida, em mais um novo ciclo solar de experiência evolutiva.
É não sobrecarregar o Indivíduo com o modo Ter de Existência, no qual, se o favorável acolhimento das boas coisas da vida é a tônica, o despreparo diante dos inevitáveis e, o mais das vezes, imprevisíveis revezes, no entanto, é patente; mas, verdadeiramente, PRESENTEAR a PESSOA com a salutar perspectiva de uma esperançosa e amadurecida comunhão com as misteriosas deliberações causais, que nos permeiam, inelutavelmente, o Caminho, e nos permitem, generosamente, o Caminhar.
Assim, desejar FELIZ IDADE NOVA é, simplesmente, fazer perceber que toda idade É NOVA, independentemente de nossa idade cronológica, e sempre nos abre um Portal para o NOVO que nunca, em hipótese alguma, deveríamos, displicentemente, negligenciar!
Além do mais, podemos, subliminarmente constatar que o termo FELIZ IDADE NOVA, repito, pode ser uma graciosa e poética corruptela de FELICIDADE NOVA que nos é dada totalmente de GRAÇA, na Nova Idade cronológica que adentramos, enquanto Indivíduo que passa, no âmbito processual de Pessoa, na Generosa e Ininterrupta Celebração da Vida! 

- Jorge Pi 

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Dom...

Capitu captava bem o tino de Bentinho...
Um amor circundado por poesia plena a transbordar em desejos cândidos de ser Lua em ser Sol, numa estonteante efusão de autenticidade em mal-disfarçada suspensão cardíaco-cognitiva de uma multifacetada e indubitável Felicidade!

- Jorge Pi