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domingo, 19 de junho de 2011

Hino a Itabaiana


       O que trago aqui nesta postagem, apesar de não ser um material profissional, tem um valor, se não de natureza histórica, ao menos, de ordem pessoal, que, de qualquer forma, gostaria de compartilhar com todos.
A história não é formada apenas pelos heróis e vencedores, mas, também, por aqueles que contribuem ou contribuíram com o sucesso alheio, em detrimento mesmo do que, às vezes, pareça ao julgamento apressado e desatento dos críticos severos que ignoram os insuspeitos e inusitados desdobramentos, bem como as diversas e variadas perspectivas, atrelados a um pequeno fato histórico que teima em se fazer perene no âmbito dos meandros e reentrâncias da memória de quem o vivenciou.
Trata-se de minha participação no Concurso do Hino do Centenário de Itabaiana, nos idos de 1988, com a defesa do Hino a Itabaiana (de minha autoria), sob minha própria e “corajosa” interpretação vocal (ou anti-interpretação!!! - rsrsrsr), tendo sido acompanhado, ao violão, por meu grande amigo Ivan Andrade (In Memorian), filho de D. Terezinha e de Sr. Raimundo (In Memorian), neto do Sr. Joãozinho Retratista (In Memorian), além de contar também com a ajuda do Coral do Grupo de Jovens da Igreja de Santo Antonio e Almas de Itabaiana, à época.
Ora, mesmo tendo, inicialmente, pensado em convidar a, então, jovem e já brilhante artista Amorosa para defender a minha música, decidi eu mesmo defendê-la, apesar de minhas gritantes limitações vocais, muito em razão de certa dose de acanhamento juvenil para chamá-la, mas também devido ao fato de que o próprio edital do concurso garantia que o julgamento não seria pela “qualidade da interpretação” e, sim, pela “composição em si”.
No entanto, este foi com certeza um grande erro, pois, assim que subimos no palco, eu - tremendo feito vara verde!  (rsrsrsrs) -, ao ouvir Ivan iniciando a afinação das cordas do seu violão, entrei em pânico e deduzi, equivocadamente, que já deveria começar a cantar e acabei atrapalhando tudo (rsrsrsrs).
Estupefatos, Ivan e o pessoal do coral tiveram que me socorrer às pressas, como quem se esforça tresloucadamente para pungar num ônibus cujo motorista, desembestado, dera o arranque louco e prematuro, por pura imperícia e a mais completa enfobação (rsrsrsr).           
Não, que, necessariamente, tenha sido essa a razão de meu insucesso no concurso, mas o fato é que, dos três participantes concorrentes naquela apresentação final, a primeira colocação ficou para o hino composto pelo Saudoso Dr. Uéliton (com a sua interpretação integrando o Grupo Asa Branca, no qual, a própria Amorosa abrilhantou com a sua presença) e, a segunda, para o hino de Luiz (componente da dupla “Luiz e Melcíades”, que costumava abrilhantar os barzinhos de então, como o “Le Romantique”, o “Tic Toc”, a “Lanchoteca”). Assim foi que, infelizmente, eu e meus desventurosos companheirinhos musicais fomos “premiados” com uma inapelável Medalha de Bronze (rsrsrsrs)!!!
Então, vejam o meu “projeto de vídeo” (na barra de vídeo abaixo)   no qual tomei a liberdade de utilizar as fotos do Grupo Itabaiana Grande, no Faceboock (http://www.facebook.com/home.php?sk=group_205271909509842&ap=1), e exercitem a paciência e a caridade para me ouvir cantarolando mais uma vez (e, ora, sem o estresse de outrora) o meu “Hino a Itabaiana” (numa gravação atual, porém, utilizando apenas um simplório “mp3”; gravação na qual, infelizmente, não pude contar com o belo som do violão de finado Ivan, além das amigas vozes do referido coral).

P.S.: por se tratar de uma mostragem a quem aprecia a cultura (no sentido de cultivo e de expressão da criatividade) e, levando em conta que me apresento, aqui, apenas como compositor, se desejarem podem colocar algodão nos ouvidos ou mesmo caírem na gargalhada, no que concerne ao “atabalhoado cantor”, pois garanto não vir a me chatear (rsrsrsrs).
  

Obs.: música e letra registradas no Escritório de Direitos Autorais – EDA/BN/RJ

Sob Título:
"GERMINAR" E OUTRAS - 69 (SESSENTA E NOVE) COMPOSIÇÕES (...)
Autor:
JORGE LUIZ PINHEIRO SOUZA – Jorge Pi
Registro:
505244, em 24/08/2010
Obra Publicada:
Não

#Todos os Direitos Reservados#


Em tempo, vejam outras obras minhas registradas também na Biblioteca Nacional:


HINO A ITABAIANA

                                                (Jorge Pi)

Ser, só ser! Existir! Labutar, pelejar, viver!

Altiva Itabaiana, secular cidade,
Do solo sergipano, coração e teto,
Lança a tua bênção pra nascer Felicidade
No seio do teu povo que te faz tão Forte!

Salve, Itabaiana!
Salve, linda terra!
Nossa vida, nosso berço,
Nossa casa-mãe!
                                                                                REFRÃO
Salve, linda serra,
Cimo desta terra!
Guardiã do céu azul
Da pátria-mãe-gentil!

A cada geração, teus filhos te proclamam
A mais querida terra que no mundo existe.
Lança a tua bênção pra nascer Felicidade
No seio do teu povo que te faz tão Forte!

            REFRÃO                                                  

Em toda a tua história, filhos tens, ilustres,
Do mais humilde lar ao bem mais refinado!
Lança a tua bênção pra nascer Felicidade
No seio do teu povo que te faz tão Forte!

            REFRÃO                                                  

Altiva Velha Loba, secular morada,
Do sol do nosso ser, tão terna mão-guarida,
Lança a tua bênção pra nascer Felicidade
No seio do teu povo que te faz tão Forte!

            REFRÃO                                                  

Ser, só ser! Existir! Labutar, pelejar, viver!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pequena Reflexão sobre o Decálogo Mosaico

- Moisés e as tábuas da Lei, de Gustave Doré (século XIX) -



Como é do conhecimento de todos, os "10 Mandamentos da Lei de Deus" são:



1. Amar a Deus sobre todas as coisas.
2. Não tomar Seu Santo Nome em vão.
3. Guardar domingos e festas.

4. Honrar pai e mãe.
5. Não matar.
6. Não pecar contra a castidade.
7. Não furtar.
8. Não levantar falso testemunho.
9. Não desejar a mulher do próximo.
10. Não cobiçar as coisas alheias.



          Pois bem, meu filho Ian está fazendo o Catecismo na Paróquia de Santo Antonio e Almas de Itabaiana e, de repente, vimo-nos com a tarefa paternal de lhe assessorar no estudo do decálogo Mosaico. Tudo bem que seria o suficiente memorizar os dez itens e entender o significado de cada um deles. Porém, justamente neste último ponto (o significado de cada um dos mandamentos), deparamo-nos com uma consideração interessante, a respeito da qual não pudemos nos furtar a esta pequena reflexão que aqui compartilhamos.
Antes, porém, devemos esclarecer que esta reflexão não está circunscrita nos limites exclusivos dos dogmas ou doutrinas religiosos de qualquer instituição judaico-cristã. Trata-se, tão-somente, de um livre exercício de pensamento, tendo como fim a busca da verdade contida neste código milenar.
Quer sejamos ou não fiéis às nossas crenças assimiladas desde a mais tenra juventude, o fato é que somos, em grande medida, um construto de nossa formação cultural, cabendo-nos apenas seguir viagem cegamente por sobre os trilhos previamente traçados ou considerarmos reflexivamente os dados recebidos sob a luz da razão, podendo chegar a uma possível concordância da tese herdada ou vir a empreender a construção de uma inesperada antítese, donde, pelo viés de uma ou da outra, sempre haveremos de chegar a uma síntese, na qual poderemos nos descobrir diferentes daquilo que éramos antes da obtenção do conhecimento tradicional, durante a sua assimilação e após tal atividade reflexiva necessária para o parto conceitual de nós mesmos, no mundo.        
Ora, os Mandamentos são dez. Mas, se prestarmos bem a atenção, podemos dividi-los em dois conjuntos de cinco mandamentos. Um (abrangendo, do primeiro ao quinto), voltado para as coisas da Eternidade em nós: aquilo que, em nós, foi feito à imagem e à semelhança de Deus: o Reino de Deus. O outro (do sexto ao décimo), para as da Temporalidade: as relações sócio-histórico-afetivas no mundo em que vivemos: o reino humano. Senão, vejamos.
Amar a Deus sobre todas as coisas pressupõe, simplesmente, não valorizar nada que exista neste mundo julgando o que quer que seja como estando acima da relação pessoal de contato ou União com o Divino, em nós; o que consiste na prática mística, por excelência, da busca pelo Silêncio do Eu Exterior em prol do despertar da Consciência Interior do Homem Verdadeiro, o Eu Interior, aquele que, tendo sido criado à Imagem e Semelhança de Deus, por Legítima Herança Creacional, precisa ser estimulado ao máximo para que, como Filho do Homem, venha a glorificar o Pai que está no céu, sendo esta a verdadeira missão humana na Terra.
A título de exemplificação vivencial, podemos nos visualizar sentados, quietos, física, mental e emocionalmente, em atitude meditativa, com o intuito apenas de nos sentirmos localizados no Centro do Universo, numa perspectiva de abandono de todas as nossas dúvidas, certezas, verdades e mentiras, entregues mesmo nos braços da Existência e comungando com o Eterno, numa conexão provida de um indelével sentimento de Confiança na Providência Divina, na mais exata assunção do significado da expressão “ASSIM SEJA!”. Esta é a única e verdadeira forma de sentirmos o Deus do nosso Coração tão poderosamente Presente no Sanctum Sanctorum do nosso Ser que se faz Uníssono com o Ser Cósmico do Deus Todo Poderoso, por participação benfazeja na Graça advinda do Divino Espírito Santo, bastando apenas que cedamos à Vontade Trina e Una do Eu Sou O Que Sou, o Consonantal Impronunciável Iod-He-Vau-He, que pode vir a se fazer Pronunciável através da nasalização Iod-He-Shin-Vau-He da Ação Redentora da Consciência Crística na Humana Idade dos Homens e Mulheres de Boa Vontade.
Portanto, mais do que uma imposição, este primeiro mandamento é, na verdade, uma dadivosa permissão do próprio Deus Pai para que Sejamos Unos com Ele como o Seu Filho Amado o Foi, É e sempre há de Ser, através da misteriosa Comunhão do Divino Espírito Santo. E tudo isto, se possível, em cada momento de nossas vidas, fazendo de nossa própria respiração o ritmo compassado e sereno de nossa amorosa relação com Deus em detrimento de tudo o mais, numa verdadeira e radical atitude presentificadora de Oração e Vigilância para que não venhamos a cair, quando estivermos em tentação, conforme nos ensinou o Mestre Jesus.
Não tomar Seu santo nome em vão é buscar não sair do Estado de Oração e Vigilância contínuas, em cada instante de nossas vidas e onde quer que estejamos, coisa a que facilmente sucumbimos, dada a nossa natureza carnal corruptível. O Iod-He-Vau-He é Temeroso Distanciamento que pode vir a se fazer Amorosa Aproximação e Inalienável Identificação, mediante a Presença nasalizadora do Shin em nossa experiência avatávica de Realização da Vontade de Deus de que seja manifesto o Seu Reino dos Céus na Terra, através da Consciência Crística ativada em nós por nosso próprio empenho e livre arbítrio.
Por isso, como nos ensinou a Beata Irmã Dulce, mais que “falar” sobre Caridade (a essência da bondade) é necessário que “façamos” Caridade, quer dizer, que Sejamos a Expressão Consciente da Essência da Bondade do Amor de Deus, no mundo. Ou, como nos ensinou São Francisco de Assis, que sejamos Instrumentos da Paz do Senhor na sociedade, pois se existe uma forma de o Impronunciável Nome de Deus vir a ser Pronunciável é na reverberação do Verbo Divino e Criador de Todas as Coisas Visíveis e Invisíveis, por intermédio da Atualização do Grande Arcano em nós, postos em Rota Ascendente Espiralada na condição de Portadores, Mantenedores e Protetores do Santo Graal da Compreensão do Doce Mistério da Vida.
Dessa forma, Não tomar Seu santo nome em vão consiste tão-somente em “fazer” a Vontade de Deus e não somente “falar” friamente o seu Santo Nome, “da boca pra fora”, sem a necessária experiência vivencial carregada de uma “tomada de consciência” do Significado Profundo e Verdadeiro do “Eu Sou O Que Sou” em nossos mínimos atos, palavras e ações.
Guardar domingos e festas é envidarmos todos os esforços para não desperdiçarmos as maravilhosas oportunidades de pausa em nossas atividades sociais, profissionais e até familiares. Os domingos, os dias santificados e até mesmo as férias e os feriados deveriam ser utilizados como um laboratório para o aprimoramento do nosso direito ao cumprimento do Primeiro Mandamento, Amar a Deus sobre todas as coisas, uma vez que se torna muito difícil (apesar de não impossível e até mesmo necessário), em nossas atividades diárias normais, o exercício do nos fazermos presentes no Aqui e Agora da Existência, semelhante à experiência do Shabat para os Judeus.
Ou seja, uma verdadeira “colher de chá” para a humanidade autômata e dorminhoca, vez que sempre, ou o mais das vezes, estamos projetados para o “futuro” ou apegados ao “passado”, não nos permitindo o divino deleite do sermos o que somos, em consonância com o nosso Dharma pessoal, em detrimento mesmo daquilo a que insistimos em nos circunscrever, emaranhados aos nossos inúmeros compromissos cármicos (sejam bons ou ruins), apesar de que por estes últimos é que somos pedagogicamente incitados pelo Cósmico para, enfim, encontrarmo-nos face a face com o Senhor, quando da aproximação do inevitável e auspicioso Áureo Alvorecer em nossa Psiqué.
No que se refere ao quarto e ao quinto mandamentos, pode parecer estranha a inclusão dos mesmos como estando voltados para as coisas da Eternidade em nós, como dissemos acima. O mais comum é entendermos apenas os três primeiros mandamentos dentro desta categoria e os sete seguintes voltados para as nossas relações mundanas e sociais. Porém, podemos ousar e confrontar aquilo que se nos sugere como óbvio, mediante uma apreciação mais aprofundada ou mesmo subliminar, lembrando que a letra mata, mas o espírito vivifica.
Surge, então, uma questão muito simples: o que representam os nossos pais e a sombra da morte para todos nós que comungamos o hálito da Vida? Também, de forma muito simples, podemos responder: dois Portais!
Sim, é através do Portal Pai-Mãe que adentramos na Temporalidade e somente através do tão temido Portal da Morte que retornamos à Eternidade. Além do mais, desonrar pai e mãe é não exercer o nosso dharma, na vida; pois, nascemos com um propósito, uma Areté, que nos foi confiada pelo Criador, o que nos torna - a todos – únicos e especiais, desde que saibamos e queiramos fazer brilhar a nossa própria Luz Interior.
Portanto, devemos Honrar pai e mãe, não com o ímpeto de quem adora a um Deus e a uma Deusa, mas como reconhecimento de que o Criador pôs-nos no Cenário da Vida através do mais adequado dos Portais, uma vez que Ele é Onisciente, Onipotente e Onipresente.
A injunção não matar, por outro lado, refere-se ao inalienável direito de todos a somente atravessar o Portal Derradeiro da Vida por decreto divino e, não, humano. Não temos o direito de aniquilar toda uma carga genética ancestral sintetizada em um indivíduo. Sim, pois matar é desonrar os pais dos outros, no sentido de que cerceamos um bandido, por exemplo, de se arrepender e vir a se regenerar, fazendo brilhar sua Luz Pessoal, eventualmente ocultada por erro de opção no jogo da vida. Além disto, mais do que por seu teor genérico, o mandamento não matar pode e deve ser entendido expansivamente, como um anúncio ecológico-apologético à prática da Fraternidade Universal, dirigida a todos os reinos – mineral, vegetal, animal e humano, tendo por fim o ingresso ao Reino de Deus. Não matar, ou não aniquilar, ou não extinguir, ou não exaurir os recursos naturais, hídricos, florestais, animais, humanos, culturais, etc.. Sim, pois tudo deve co-existir em harmonia, uma vez que o desejo insano e escravizador de poder controlador do Homem Mortal não operasse com tanta liberdade como podemos ver história humana afora. Daí concedermos uma maior importância à Eternidade do que à Temporalidade para estes dois mandamentos uma vez que eles são apenas pontos de referência para trás e para frente, no que concerne à Vida Eterna que perpassa a Temporalidade por intermédio dos mesmos. Ou seja, diz respeito ao Homem Interior.
Outrossim, do sexto ao décimo mandamentos, repetimos, o direcionamento é todo voltado para o Homem Exterior e suas relações sócio-histórico-afetivas no mundo em que vive: o reino humano (inscrito nos limites da Linha da Vida, cujos início e fim são os Portais discriminados no quarto e no quinto mandamentos).
Não menos importantes, por detrás destas cinco últimas assertivas é que reside O Grande Segredo para equalizarmos a Economia da Vida: não pecar contra a castidade, não furtar, não levantar falso testemunho, não desejar a mulher do próximo e não cobiçar as coisas alheias!
Entre o nascimento e a morte, temos que ser castos em nossas palavras, atos e pensamentos, não somente no sentido de abstinência sexual, mas, também verbal, comportamental e ideológico. Primando pela observância do princípio do Equilíbrio em todos os setores de nossa vida, não deveríamos ceder às tentações de nos impacientarmos, por exemplo, com ocorrências rotineiras eventualmente desagradáveis, com a fácil adesão a julgamentos precipitados e preconceituosos de qualquer espécie, que nos leva a ser engolidos nas areias movediças da intolerância, distanciando-nos do oásis da Compaixão para com todos os nossos irmãos em Humanidade com os seus defeitos peculiares à sua constituição de transeuntes desorientados à procura da Flor Sagrada da Felicidade, num mundo conturbado pelo orgulho e pela vaidade. Se não inocentes, ao menos, deveríamos nos esforçar por nos conservar – ou nos tornar - puros de coração, através da via do arrependimento e da regeneração.
Quanto ao sétimo mandamento, além de não roubar a propriedade alheia que, por direito, não nos pertença, deveríamos também não subtrair as idéias de outrem que, por natureza, não sejam de nossa alçada; bem como, não lhes privar de sua completude, para não ingerirmos, mais tarde, o amargo fel do remorso, da tristeza e da solidão. E, já que possuímos o nosso próprio brilho, deveríamos, principalmente, não furtar o brilho dos outros, pois estaríamos nos furtando a nós mesmos, no que diz respeito ao privilégio de sermos o que somos, em essência: diletos Filhos de Deus, apesar de que nos encontremos, o mais das vezes, atolados em meio ao lodaçal pantanoso do pecado e da corrupção.
Não levantar falso testemunho é sermos Viventes na Verdade, em detrimento do preço a pagar, pois mais vale a miséria de Consciência Limpa do que a fortuna no desassossego e na dor. E mesmo na omissão, levantamos falso testemunho justamente por não nos predispormos a agir como agentes da Verdade. Com toda certeza, o falso testemunho nos distancia das calorosas e confortadoras vibrações do Verbo Divino que se fez carne e habitou entre nós. Em vez disto, aproxima-nos do Reino da Mentira, no qual imperam a malícia e o subterfúgio, tendo como conseqüência, a estagnação e o auto-aniquilamento.
Não desejar a mulher do próximo é preservar a estabilidade e a harmonia na sociedade. O curioso é que deve ser considerado também como não desejar o marido da próxima. Pois, dadas as características da sociedade patriarcal/paternalista dos antigos Hebreus, este mandamento nos é transmitido, anacronicamente, sem a devida atualização aos nossos costumes modernos, nos quais, à mulher é dada a possibilidade de direitos iguais aos dos homens. Assim, o respeito e a honra são princípios que devem ser priorizados nas relações humanas, bem como terem livre trânsito na valiosa via de mão dupla da Consideração. Havendo o predomínio da razão, a insanidade é dissolvida e o arrependimento, abortado, antes mesmo de ser concebido.
Por fim, não cobiçar as coisas alheias consiste, simplesmente, em não as priorizar e, sim, preferir a experiência de amar a Deus, sobre todas as coisas. Desta forma, poderão ser retomados todos os Mandamentos, sendo repassados um a um, como as preciosas pedras de um rosário, numa prática benfazeja e santificadora, em consonância com a finalidade última da sua Inscrição em letras de fogo, outrora, no Monte Sinai. Sendo assim, este último mandamento é a boca da cobra do conhecimento da verdade a morder a própria calda; é o retorno ao início de tudo quando se chega ao fim derradeiro e se atinge um nível mais acima, formando uma trajetória espiralada e ascendente que dignifica a Caminhada e glorifica os Passos que, seqüenciados, consolidam o Caminho e dão sentido ao Caminhar.


Jorge Pi