Baruch Espinosa
(1632-1677)
"Pára de ficar rezando e
batendo o peito!
O que eu quero que faças
é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida.
Eu quero que gozes,
cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Pára de ir a esses
templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste
e que acreditas ser a
minha casa.
Minha casa está nas
montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias.
Aí é onde Eu vivo e aí
expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua
vida miserável:
Eu nunca te disse que há
algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau.
O sexo é um presente que
Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria.
Assim, não me culpes por
tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo
supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo.
Se não podes me ler num
amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho...
Não me encontrarás em
nenhum livro!
Confia em mim e deixa de
me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de
mim.
Eu não te julgo, nem te
critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo.
Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão.
Não há nada a perdoar.
Se Eu te fiz... Eu te
enchi de paixões, de limitações, de prazeres,
de sentimentos, de
necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio.
Como posso te culpar se
respondes a algo que eu pus em ti?
Como posso te castigar
por seres como és, se Eu sou quem te fez?
Crês que eu poderia criar
um lugar para queimar a todos meus filhos
que não se comportem bem,
pelo resto da eternidade?
Que tipo de Deus pode
fazer isso?
Esquece qualquer tipo de
mandamento, qualquer tipo de lei;
essas são artimanhas para
te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti.
Respeita teu próximo e
não faças o que não queiras para ti.
A única coisa que te peço é
que prestes atenção a tua vida,
que teu estado de alerta
seja teu guia.
Esta vida não é uma
prova, nem um degrau, nem um passo no caminho,
nem um ensaio, nem um
prelúdio para o paraíso.
Esta vida é o único que
há aqui e agora, e o único que precisas.
Eu te fiz absolutamente
livre.
Não há prêmios nem
castigos.
Não há pecados nem
virtudes.
Ninguém leva um placar.
Ninguém leva um registro.
Tu és absolutamente livre
para fazer da tua vida um céu ou um inferno.
Não te poderia dizer se
há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho.
Vive como se não o
houvesse.
Como se esta fosse tua
única oportunidade de aproveitar,
de amar, de existir.
Assim, se não há nada,
terás aproveitado da
oportunidade que te dei.
E se houver, tem certeza
que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não.
Eu vou te perguntar se tu
gostaste, se te divertiste...
Do que mais gostaste? O
que aprendeste?
Pára de crer em mim - crer
é supor, adivinhar, imaginar.
Eu não quero que acredites
em mim.
Quero que me sintas em ti.
Quero que me sintas em ti
quando beijas tua amada,
quando agasalhas tua
filhinha,
quando acaricias teu
cachorro,
quando tomas banho no
mar.
Pára de louvar-me!
Que tipo de Deus ególatra
tu acreditas que Eu seja?
Me aborrece que me
louvem.
Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato?
Demonstra-o cuidando de ti,
de tua saúde, de tuas relações, do mundo.
Te sentes olhado,
surpreendido?...
Expressa tua alegria!
Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as
coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que
tu estás aqui, que estás vivo,
e que este mundo está
cheio de maravilhas.
Para que precisas de mais
milagres?
Para que tantas
explicações?
Não me procures fora!
Não me acharás.
Procura-me dentro...
aí é que estou,
batendo em ti."
Nenhum comentário:
Postar um comentário